Como tudo começou

Empreendedor há mais de 28 anos, Rodrigo Baggio é pioneiro no uso da tecnologia como ferramenta de transformação social

O sonho de transformação

A vontade de encontrar um sentido em tudo que vinha construindo profissionalmente levou Rodrigo Baggio a uma busca espiritual. O jovem empreendedor iniciou um processo de reflexão e meditação até que a resposta apareceu, em 1993, enquanto ele dormia: “Não sou nenhum Martin Luther King, mas tive um sonho. Vi claramente o caminho da inclusão digital. Quando acordei, estava tão entusiasmado e energizado que resolvi dedicar minha vida a isso”. 

A primeira ideia foi a criação de uma rede social chamada Jovem Link, hospedada na BBS (Bulletin Board System na sigla em inglês), a precursora da internet no Brasil. A iniciativa, contudo, esbarrou em uma questão social: se hoje o Brasil ainda enfrenta questões relacionadas a temas como infraestrutura e conectividade, naquela época a estratificação era ainda mais clara. O desejo de criar algo com impacto social não podia acontecer em um ambiente acessível apenas aos mais abastados: “Foi aí que eu criei a primeira campanha de reciclagem tecnológica da América Latina”, conta Baggio.

Liderança em campanha de reciclagem eletrônica

Inicialmente, a proposta era aproveitar computadores descartados por grandes empresas e democratizar o acesso à tecnologia. No entanto, o projeto rapidamente ganhou camadas e se tornou mais complexo. “Os equipamentos vinham de Tóquio [Japão], e a UNESCO recebia em caráter diplomático para que nós distribuíssemos em países diferentes”, diz o empreendedor social. 

No primeiro semestre de 1994, o projeto recebeu um caminhão de computadores. O problema é que nenhum deles estava funcionando perfeitamente. Rodrigo Baggio teve então uma ideia que mudou tudo: decidiu chamar jovens do Morro Dona Marta, comunidade da Zona Sul do Rio de Janeiro, e ensiná-los a consertar as máquinas. “Aí eu percebi que a educação era a chave. Nós já fazíamos campanhas de doação e iniciamos nessa época uma escola de informática e cidadania para as favelas. Começamos a falar com pessoas e apresentar o projeto, mas nos chamaram de loucos. Na época, somente as escolas de elite do Brasil tinham aulas de informática”, recorda o empreendedor.